quarta-feira, 3 de março de 2010

"Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens a fazer."
( Carlos Drummond de Andrade)

"A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca."
( Carlos Drummond de Andrade)

"A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas."
( Carlos Drummond de Andrade)

"Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes."
( Carlos Drummond de Andrade)

"Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar."
( Carlos Drummond de Andrade)
"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

( Carlos Drummond de Andrade)
"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade"

( Carlos Drummond de Andrade)

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor...não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do
que pude.

(Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Poema de Natal


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos-
Para isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos-
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai-
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação na poesia
Para ver a face da morte-
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

(Vinicius de Moraes)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Restauradora

A morte é limpa.
Cruel mas limpa.

Com seus aventais de linho
- fâmula- esfrega as vidraças.

Tem punhos ágeis e esponjas.
Abre as janelas, o ar precipita-se
inaugural para dentro das salas.
Havia impressões digitais nos móveis
grãos de poeira no interstício das fechaduras.

Porem tudo voltou a ser como antes da carne
e sua desordem.

(Henriqueta Lisboa)